Embora as mulheres sejam a maioria no que se refere a leitores, elas ainda têm uma baixa representatividade na literatura. Um bom exemplo é a nossa ABL – Academia Brasileira de Letras, onde dos atuais 40 membros apenas 8 são mulheres
No início de 2014, para incentivar o consumo de obras escritas por mãos femininas, a autora e ilustradora britânica Joanna Walsh lançou, no Twitter, uma iniciativa com a hashtag #readwomen2014
“É uma verdade universalmente reconhecida que, embora as mulheres leiam mais do que os homens, e livros de “autores femininos” sejam publicados, aproximadamente, nos mesmos números, eles são mais facilmente ignorados” Joanne Walsh
A provocação inspirou muita gente inclusive no lado de cá
E em 2015, em São Paulo, começou o projeto Leia Mulheres – um clube de leitura voltado à valorização do trabalho intelectual de escritoras!
Idealizado por Juliana Gomes, Juliana Leuenroth e Michelle Henriques conta com mediadoras que se reúnem, em livrarias e espaços culturais, com pessoas que tenham interesse na leitura de obras escritas por mulheres, sejam elas clássicas ou contemporâneas Atualmente o projeto conta com versões em mais de 25 cidades brasileiras
“Como o mercado editorial ainda é muito restrito e as mulheres ainda não possuem a mesma visibilidade que os homens, a ideia é uma provocação para que homens e mulheres reavaliem as suas estantes de livros e estejam abertos a ler, reler, discutir ou descobrir autoras novas ou consagradas.” Leia Mulheres
Algumas escritoras, utilizaram ou utilizam pseudônimos masculinos ou omitem seus nomes femininos para melhor se adequar ao gênero ou mesmo ao público ….
Embora feminino, Agatha Christie também se utilizou de um pseudônimo para publicar seis romances – a fim de não prejudicar sua reputação de “Rainha do Crime” veja post sobre ela aqui
A britânica Phyllis Dorothy James, omitiu seu nome passando a usar P.D. James, para melhor se adequar ao público de romances policiais e criou, assim como Agatha Christie, um detetive bastante marcante: Adam Dalgliesh. Ela também se aventurou no “mundo de Jane Austen” com o livro “A morte em Pemberley” criando um romance no qual os protagonistas Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy de Orgulho e Preconceito, já casados, lidam com o assassinato de George Wickham
J.K. Rowling optou por “esconder” seu nome Joanne Kathleen, por recomendação do seu editor ao publicar a série Harry Potter, o qual acreditava que uma escritora não teria uma boa aceitação para o público alvo – de rapazes
A escritora americana Catherine Nichols revelou, que após ela ter enviado, um ensaio de uma obra, para 50 agentes ela recebeu somente 2 retornos, porém reenviando com um pseudônimo masculino obteve 17 retornos!!!
“Não era a minha obra, mas sim eu o problema” Catherine Nichols
Porém muitas não tiveram outra opção para, eventualmente, serem publicadas/conhecidas…
Romancista autodidata britânica Mary Ann Evans usava um nome masculino, como pseudônimo, George Eliot, para que seus trabalhos fossem levados a sério!
Embora digam que havia outro motivo que a levou a isto – preservar sua vida íntima, sobretudo seu relacionamento com George Henry Lewes, um homem casado, com quem viveu por mais de vinte anos – Eliot queria escapar de estereótipos que ditavam que mulheres só escreviam romances leves. E em 1871 publica Middlemarch que traz uma brilhante representação da vida provinciana na Inglaterra de 1830 com personagens memoráveis.
“Os homens sabem mais sobre tudo, exceto o que as mulheres sabem melhor.” Mary Ann Evans-George Eliot
Foi sob os pseudônimos de Currer, Ellis e Acton Bell que as irmãs Charlotte, Emily e Anne Bronte publicaram seus poemas e romances!
Isoladas quase toda a (breve) vida em uma pequena casa em Haworth, Inglaterra, elas falaram de amor e paixão de forma tão intensa, bem como exploraram áreas sombrias da natureza humana de forma única! Seus livros – Jane Eyre de Charlotte foi o primeiro, seguido de Wuthering Heights de Emily e Agnes Grey de Anne tiveram bastante sucesso assim que publicados.
A querida Jane Austen, apesar de não ter tido que utilizar nenhum pseudônimo, teve seus livros publicados sem sua autoria. Nas obras constava um romance de “uma senhora” ou então um romance da “autora de tal publicação”, mas não o seu nome!!!
“Embora para a maior e mais frívola parte do sexo masculino a imbecilidade aumente em muito os encantos pessoais femininos, há uma parte deles, razoável e bem informada, que deseja algo mais nas mulheres do que a ignorância”. Jane Austen (A Abadia de Northanger)
Devo confessar que não fico escolhendo entre homens e mulheres, mas fui xeretar na estante… e sabe que me surpreendi
2016-2017
Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente – Luisa Geisler / O Pintassilgo – Donna Tartt / Jonathan Strange & Mr. Norrell – Susanna Clarke / Só Garotos – Patti Smith / Coleção os Bridgertons (8 volumes) + E viveram felizes para sempre – Julia Quinn / Bowie: a biografia – Wendi Leigh / A Menina que contava histórias – Jodi Picoult / Quando os livros foram à guerra – Molly Guptill Manning / As Sombras de Longbourn – Jo Baker / Meia noite na Austenlandia – Shannon Hale / Jane Austen: uma vida revelada – Catherine Reef / O Diário de Mr. Darcy – Amanda Grange / A Livraria dos finais felizes – Katarina Bivald / O Hotel na Place Vendôme – Tilar J. Mazzeo / Os Bebes de Auschwitz – Wendy Holden / Coco Chanel – Justine Picardic / A Livraria mágica de Paris – Nina George / Ex-Libris: confissões de uma leitora comum – Anne Fadiman / 101 filmes para quem gosta de moda – Alexandra Farah /O Biquini made in Brazil – Lilian Pacce / Estrelas além do tempo – Margot Lee Shetterly / Assassinato na Biblioteca – Helena Gomes
E estou lendo Mar de tinta e ouro de Traci Lee…. E você quantas mulheres já leu?
Fontes:
Imagens: sites consultados
Foto destaque: Joanna Walsh
http://www.sheramag.com/2014-year-reading-women
http://leiamulheres.com.br/sobre-nos
http://www.brainyquote.com
https://www.theguardian.com/profile/walsh-joanna
http://www.catherinenichols.com/
https://www.theguardian.com/lifeandstyle/womens-blog/2014/jan/20/read-women-2014-change-sexist-reading-habits
https://www.theguardian.com/books/2015/aug/06/catherine-nichols-female-author-male-pseudonym
https://www.jkrowling.com/about/
https://www.britannica.com/biography/P-D-James
http://www.academia.org.br/
http://www.bbc.co.uk/history/historic_figures/bronte_sisters.shtml
http://www.bbc.co.uk/history/historic_figures/eliot_george.shtml
https://www.britannica.com/biography/George-Eliot
Menina nunca me dei conta, li muito mais mulheres do que homens, sem perceber!!
Adorei a matéria, curiosidade e incentivo!!
também Andrea 🙂 obrigada, bjkas