Consciência cibernética[?]

Um supercomputador, operando por meio do mais avançado sistema robótico, assim que se tornou autoconsciente, viu na humanidade uma ameaça à sua existência …. E a batalha, que jogou humanos contra as maquinas, desenvolveram capacidades cada vez maiores Soa familiar, não é? … Criado por James Cameron a história contada na série de filmes “O Exterminador do Futuro”, de um “autocontrole”, por parte das máquinas, nos parece cada vez mais próximo… mais complexas e rápidas, elas estão, cada vez mais, realizando funções que antes eram executadas por “cérebros biológicos”, mas até onde vai a evolução desse “poder das máquinas”? Existe um limite?

Sobre essas questões, a exposição Consciência Cibernética [?], que está em exibição no Instituto Itaú Cultural, propõe um olhar artístico trazendo trabalhos, de artistas brasileiros e estrangeiros, que usam a tecnologia na arte – obras que, em diferentes aspectos, exploram características não muito conhecidas do processamento de dados, digital ou não. E, embora, nenhuma das obras apresentadas seja consciente, cada uma demonstra características importantes que, num futuro próximo, podem fazer parte de máquinas cibernéticas conscientes.

Esta mostra se insere na mesma linha propositiva das bienais e das exposições de arte e tecnologia apresentadas pelo Instituto desde 1997, e, esta temática – “cibernética sob a linguagem artística”, se estende também a diversas ações do IC, como a manutenção e a circulação de uma coleção de arte cibernética bem como o apoio ao desenvolvimento de projetos desse tipo no Rumos Itaú Cultural

Confira no primeiro espaço expositivo:  Eden, de Jon McCormack (Austrália), Bion, de Adam Brown e Andrew H. Fagg (Estados Unidos), Fearful Symmetry, de Ruairi Glynn (Irlanda), e Odisseia, de Regina Silveira (Brasil).

Eden, de Jon McCormack (Austrália), é um ecossistema artificial interativo e autossuficiente e, nele,

um mundo celular, povoado por uma coleção de criaturas virtuais em evolução que se movimentam em seu ambiente, produzindo e escutando sons – buscando “alimentos, encontrando predadores e possivelmente acasalando”!!! Com o tempo, essas criaturas evoluem para além do que foi previsto pelo artista e se adaptam ao meio ambiente, ajustando-se ao interesse dos visitantes humanos e aprendendo maneiras de mantê-los interessados e próximos à obra – o que produz “mais comida” no mundo virtual e, consequentemente, permite que se multipliquem. Eden tem quatro estações por ano e cada ano dura 600 dias-Eden – um ano-Eden dura cerca de 15 minutos do tempo real

Em Bion, de Adam Brown e Andrew H. Fagg (USA)instalação, composta de centenas de “formas de vida sintéticas” “brilhantes e falantes”

(chamadas bions) – várias luzes azuis de LED e múltiplos sensores, pendurados por finos fios de arame e conectados a painéis presos ao teto, explora a relação entre seres humanos e a vida artificial. Quando uma pessoa se aproxima, um bion recebe o alerta de sua presença e rapidamente passa a informação para o “enxame de bions”, sinalizando, um a um, que um estranho se aproxima – e, como uma onda-padrão, fica em silêncio, porém, aos poucos, os bions se acostumam com a presença do visitante e reagem como se ele fosse parte do ecossistema. A instalação e a maneira como a qual ela se relaciona com o público fazem referência a um elemento individual de energia biológica primordial, identificado pelo cientista Wilhelm Reich como orgônio***

 ***http://www.nucleopsic.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=29&Itemid=17    /  ***http://pro-curamedicinaenergetica.com.br/CANETA.htm

Em Odisseia, da artista brasileira Regina Silveira, a proposta era inventar uma obra que fosse uma experiência reflexiva e poética.

Odisseia, foi desenvolvida em colaboração técnico-criativa do Itaú Cultural com o High Performance Computing Center (HLRS), da Universidade de Stuttgart, na Alemanha. Trata-se de uma experiência estética em realidade virtual através dos famosos labirintos da artista (dessa vez definidos em 3D por um supercomputador do HLRS), onde o visitante faz uma viagem ambientada em céu diurno, aberto e infinito, em que um grande cubo opera como nave espacial transparente com entradas e saídas em cada face e uma disponibilidade alternada de caminhos, fazendo com que o público se sinta em uma passagem pelo interior de um espaço vítreo e labiríntico no qual é possível caminhar sem gravidade em direção às possíveis saídas do cubo/nave – o jogo é simples, mas difícil: entrar no cubo/nave, cruzar o labirinto e sair dele para o céu…

Confira no segundo espaço expositivo: Meta-Google, de Pascal Dombis (França), Auto-Iris, de Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti (Brasil), e Neuro Mirror, de Christa Sommerer e Laurent Mignonneau (Áustria).

Na obra inédita, Auto-Iris (2017), dos brasileiros Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti,

formada por três projetores, três câmeras de vídeo e três sistemas de controle de pan (abreviação de panoramic) e de rotação – usando escala arquitetônica, luz, vídeo feedback e ritmo fractal para inundar os sentidos do público. Assim, submersos nesse ambiente, os visitantes acompanham as manifestações físicas das íris mecânicas que reagem às variações da luz e da imagem e à presença dos observadores – ao coreografar o mecanismo da visão artificial, o projeto submete o visitante a dimensões espaciais alternativas, que desafiam a compreensão.

Em Neuro Mirror (2017), de Christa Sommerer e Laurent Mignonneau (Áustria),

  a instalação interativa lida com a imagem que temos de nós mesmos e dos outros. Em 1999, o neurofisiologista Giacomo Rizzolatti e sua equipe descobriram os neurônios-espelho, células que são ativadas no lóbulo temporal do nosso cérebro cada vez que observamos as ações de outras pessoas – e esse mesmo neurônio é ativado quando nós próprios realizamos essa atividade. Os neurônios-espelho permitem ainda uma compreensão imediata e intuitiva: a expressão facial de uma pessoa, como ela fala, se comporta ou se movimenta, tudo isso é imediatamente processado por eles. Nesta obra, a intenção não é demonstrar as últimas conquistas da aprendizagem de máquina, mas sim usar as redes de neurônios de maneira artística, através de uma instalação participativa em que o visitante se vê em três telas, dispostas como um tríptico. A tela central mostra a imagem do participante em tempo real, enquanto a da esquerda revela sua imagem do passado. A terceira tela, à direita, representa o futuro, no qual as ações da pessoa se aproximam de suas ações passadas.

Confira no terceiro espaço expositivo: Café com os Santiagos, de Heloisa Candello, Claudio Pinhanez e Paulo Costa (Brasil) e apoio da IBM, Sonhos Urbanos, da equipe do Itaú Cultural com a ferramenta Google Deep Dream (Brasil), e Lifeless (Nano) Biomachines, de José Wagner Garcia e colaboradores (Brasil).

Na obra de Heloisa Candello – pesquisadora e designer de interação, Paulo Costa – produtor e criador em artemídia e Cláudio Pinhanez – gerente sênior de análise de dados do Laboratório de Pesquisas da IBM Brasil – Café com os Santiagos

 criou-se um bot para cada personagem do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis (1839-1908), capaz de responder às perguntas feitas pelos visitantes, assim, quando nos aproximamos da mesa, os personagens já estão “conversando entre si”, reproduzindo diálogos do livro, ou criando diálogos novos – usando frases da obra ou dando sequência à última pergunta feita. Os visitantes fazem suas perguntas, sobre o romance, digitando num teclado e conferem as respostas que são projetadas artisticamente na mesa onde “estão” sentados estes personagens.  Aos poucos, o sistema de chatbot vai aprendendo com as perguntas feitas, de modo a melhorar as respostas – o que o sistema sabe está relacionado com o quanto de informação ele teve acesso.

Eu perguntei ao Bentinho,  se agora ele acreditava na Capitu e ele “respondeu” … Há muito que penso. Há muito que tenho dúvidas

A própria equipe do Itaú Cultural se arriscou a criar uma instalação a partir das técnicas de reconhecimento de padrões de imagens usada pelo software Deep Dream, do Google.

Para a instalação, batizada de Sonhos Urbanos, foi produzido um vídeo com cenas urbanas da Avenida Paulista e submetido ao programa que, a partir daí traz uma série de imagens surreais geradas pelo algoritmo de reconhecimento de padrões sobrepostas a ele – sonhos que se assemelham mais a um delírio, ou mesmo um pesadelo, dada a nossa dificuldade de fixar em uma imagem dentre as várias imagens sobrepostas!

A exposição tem ainda recursos de acessibilidade como áudio descrições das dez obras da exposição, mapas táteis e recursos táteis de algumas das obras, vídeo guias que, produzidos pelo Núcleo de Educação e distribuídos no piso expositivo, oferecem ao público um roteiro com os conceitos discutidos em cada uma das obras, bem como fones de ouvido em diversos pontos do espaço expositivo – indicados por paradas de alerta no percurso de visita e acessível com piso podotátil – nos quais são fornecidas todas as informações sobre as obras. Além dos educadores que propõem trajetos e atividades a fim de se conhecer de maneiras diversas as exposições do Instituto nos finais de semana, também podem ser agendadas visitas educativas para grupos em geral (informações pelo telefone 11 2168 1876)

Consciência Cibernética [?] – Grátis – De 8 de junho a 6 de agosto de 2017 / terça a sexta 9h às 20h /sábado, domingo e feriado 11h às 20h [permanência até as 20h30]

Fontes:

Imagens: Itaú Cultural e tiradas no local durante a visitação

Imagem destaque: Meta Google de Pascal Dombis (França)

http://www.itaucultural.org.br/programe-se/agenda/evento/consciencia-cibernetica/

http://www.itaucultural.org.br/conscienciacibernetica/obras/

http://www.itaucultural.org.br/conscienciacibernetica/artistas/

http://www.emocaoartficial.org.br/tag/consciencia/

http://cio.com.br/noticias/2017/06/13/exposicao-consciencia-cibernetica-explora-o-futuro-da-tecnologia-em-sao-paulo/

http://www.cantoni-crescenti.com.br/bio/

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8084/regina-silveira

 

 

4 Comments

  1. Excelente dica!!! Parabéns como sempre o Blog só nós mostra coisas atuais, interessantes, de bom gosto…

  2. Eu fui e vale a pena. Mais uma ótima dica.

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